domingo, 29 de março de 2009

O poder do STIGMA


O Poder do stigma

Vez por outra eu me flagro pensando em alguma situação de vida diária que eu ouvi durante uma sessão. Ou até mesmo coisas que eu pensei. Coisas interessantes, por vezes fascinantes: o modo como a vida evolui, como os fatos geram outros, e por aí vai. Pacientes que já vivenciaram a dor da perda de um ente querido... a dor de um filho que tem algum problema ou que não aprende ou que dorme até tarde e falta a aula...
As maiores fobias do ser humano, sabe quais são?
Eu diria:
- do medo de ter medo...
- de ir ao psiquiatra (pra eles = médico de maluco)
- de tomar remédio psiquiátrico
- de morrer
- de tomar remédio pra vida toda...

É comum que a pessoa fale de seus sentimentos mais indignos e apavorantes e inaceitáveis, elas até falam, como por exemplo, da raiva, ódio e inveja que sentem, mas deixam “bem claro”, ou seja, nas entrelinhas, que aquele espaço é como um “lugar sagrado”, onde ninguém pode sequer chegar perto... então a pessoa verbaliza aqueles sentimentos horrorosos e ao mesmo tempo os ignora, por não aceitá-los como sendo parte deles mesmos. E a “opção” de foco de tratamento vai para outros temas mais “permitidos”, digamos assim. E sabe porque? Pelo preconceito que temos, pelo medo e pavor de sermos linchados e excluídos da família, da sociedade, etc. afinal, quem vai conviver com um cara cheio de ódio e inveja?! Nossa...
Precisamos de humildade. Para podermos aceitar que somos humanos. Iguais. Cheios de purezas e impurezas. De coisas boas e ruins.
Seria tão bom se a gente olhasse mais pra nós mesmos... pois assim culparíamos menos outras pessoas...
Psiquiatra trata de emoções. Mas que palavra feia! Lembra maluco, doido, esquisito e rejeitado! Quanto preconceito... é que nem boi que é marcado. É o stigma! Hum, coisa forte... e aí, o psiquiatra tenta amenizar, dizendo que é neuropsiquiatra ou neurologista ou terapeuta ou sei lá o que... quando na realidade é um profissional médico querendo ajudar – e só.
Bem, na verdade, ficar doente é complicado. Doença crônica, nem se fala, sai pra lá... doença crônica e psiquiátrica – aí já é demais – eu rejeito e não quero nem saber... mas como eu ia dizendo, se tratar é a pior coisa que existe. Custa tempo e dinheiro e mais um monte de coisas chatas!!! Por isso precisamos da tal aceitação, boa vontade, humildade, etc. muita calma nessa hora. Muita fé e pensamento positivo. Pensamento estaca = inabalavelmente positivo e determinado a melhorar.
Mais de 50%das pessoas que foram me procurar abandonaram o tratamento antes da hora, por já se acharem bons. Mais de 15% voltaram, um ano ou um ano e meio depois, por acharem que precisavam se tratar e que foi pior terem interrompido. Quase todos os que interromperam, procuraram outros tipos possíveis de ajuda – homeopatia, terapia, centro espírita, ficar sem tomar remédio, santo dime, tratamentos de outras especialidades que não a psiquiatria, etc.
Mais de 90% das pessoas que me procuraram melhoraram e acharam válido o fato de terem ou estarem se tratando. Vale a pena tentar.

Não se desista!!
Beijos no coração!!

domingo, 22 de março de 2009

II CONGRESSO DE NEUROLOGIA - ANERJ 2009

A Dra EVELYN VINOCUR estará presente no II CONGRESSO DA ANERJ. Participe você também.

nos dias: 26 a 28 de março de 2009 - Hotel Intercontinental – Rio de Janeiro

TEMAS PRINCIPAIS:
1) Neuroimunologia
Mitos e Verdades sobre a Esclerose Múltipla
2) Neuropediatria
Biologia molecular no auxílio ao diagnóstico de doenças neurodegenerativas
3) Doença de Parkinson: Aspectos atuais
4) Neuropatias periféricas: Atualização
5) Atualização das Demências
6) Diagnóstico e tratamento das cefaléias e da dor
7) Epilepsias
Aspectos genéticos e tratamento das formas refratárias
8) Neuroinfecção e líquor
Infecções do sistema nervoso central
9) Doenças do neurônio motor
Trinta anos de experiência clínica na Esclerose Lateral Amiotrófica no Brasil
10) Doenças Cerebrovasculares
O que há de novo sobre AVC isquêmico, Hemorragia subaracnóidea e procedimentos endovasculares
11) Neurointensivismo
Atualização em terapia intensiva neurológica e traumatismo crânio-encefálico

Você terá a oportunidade de ouvir palestrantes nacionais e internacionais sobre os temas mais atuais no campo da neurologia ao longo da vida.

AUTO RELATO DE UMA PROFESSORA

UMA PROFESSORA SENTE-SE IMPOTENTE.
O QUE VOCÊ FARIA?

OMO FICA O SISTEMA EDUCACIONAL?


"Dr(a) Evelyn, infelizmente hoje meu aluno TDAH foi pego com intorpecentes dentro da escola, depois descobri que ele fez uso no ambiente interno da escola e que já teve 3 passagens pela DCA e em uma delas foi por latrocínio.A conduta da escola foi expulsão do aluno...Me senti incapaz de ajuda - ló , foi horrível...A polícia, ali, revistando ele ; e ele é claro até tentou fugir da polícia, pois estava com o tênis cheio de drogas.Estou me sentindo muito triste, queria ter feito a diferença na vida deste aluno e não consegui...Sei que agora ele ficará por aí nas ruas, com os "amigos" onde ele se sente aceito e querido e longe da escola. E me pergunto: o que o sistema educacional faz por alunos assim? Nada..."?

Atenciosamente

sábado, 7 de março de 2009

AUTO RELATO DE UMA LEITORA:


Há pouco tempo, uma leitora leu um artigo meu sobre o TDAH e revelou:
Idade: 39
"- A vida é assim mesmo... (ainda bem que não acreditei nisso)"- ... é estou aqui novamente, mais uma vez recomeçando minha vida.
Acho que o grande lance da vida é poder recomeçar sempre que achar necessário já perdi as contas de quantas vezes RECOMECEI...
Quando me deparei há dois anos atrás com a possibilidade de sofrer de Transtorno de Déficit de Atenção, confesso que senti certo alivio, pois estaria explicando tantas coisas, inclusive as “Não Terminadas”..(risos).
Mais mas uma vez estava enganada, digo isso pois os ENAGANOS com diagnóstico me acompanham a muitos anos, podemos dizer que mais ou menos há 35 anos. Começou na infância e pelo que vejo perdurou até a vida adulta.
Terapia? Várias
Psicopedagoga? Sim.
Mudança de Escola? Várias
Psiquiatras? Muitos
Empregos: Inúmeros.
Problemas na escola: Incontáveis, se hoje estou formada agradeço a infinita paciência dos meus Pais, que jamais deixaram desistir.
Um pena que não pude aproveitar o curso que fiz na faculdade da forma que poderia. Bom, continuando, o médico que me acompanhava na época em que desconfiei do Transtorno de Déficit, descartou a hipótese e como já estava em tratamento com ele e confiava achei que estava certo.
Mas o tratamento não evoluía...Acho interessante que o diagnóstico Ansiedade é igual Virose, não sabe o que é já diagnostica como Ansiedade.
Fui tratada a vida inteira como uma pessoa muita ansiosa e o resultado deste tratamento foram 30 kgs a mais; baixo rendimento escolar e profissional e um custo mensal de quase 400,00 reais mensais de remédio.
E para não melhorar nem 50 % do esperado. Você muda de médico, muda de medicação, muda de escola, muda de trabalho, tenta tudo que lhe indicam e nada, nada funciona como deveria. Você se sente um E.T na Era da Globalização.
Aí você começa a desanimar, desistir e achar que você é assim mesmo e terá que aceitar a vida desta forma.
Ah, eu também escutei muito isso em terapia, “A vida é assim mesmo...” Foi de grande valor esta informação, pois diminui bastante o custo com tratamento, parei a terapia. Informando que desde os 12 anos de idade faço terapia, então acho que entendo um pouco como funciona um processo terapêutico.
Com tantos tratamentos você acaba conhecendo toda a família dos anti-depressivos, estabilizadores de humor, ansiolíticos e ai vai, aumenta dose, retira remédio, acrescenta um diferente e o máximo que você percebe é que sua libido desapareceu, suas roupas encolheram absurdamente.
Neste ponto o comprometimento que tudo isso causou em sua vida são incontáveis, profissional, pessoal, emocional, social e todos os AL’s que conhecemos por aí.Então um dia disse CHEGA, não quero mais viver desta forma, isso não é vida, eu mão mereço sofrer deste jeito e ter que aceitar tão passionalmente.
Bom foi quando uma pessoa aconselhou ir a um Neurologista e sem querer acabei dando risada, pois também já tinha passado por essa especialidade, mas mesmo assim a pessoa insistiu e eu resolvi tentar.
Nesta altura do campeonato o que tinha a perder? Nada. Comecei a pesquisar alguns nomes na Internet e com a ferramenta maravilhosa de busca apareceu novamente em minha tela: Transtorno de Déficit de Atenção.
Pensei não é possível, será?
Achei um artigo de uma Psiquiatra do RJ ( a quem devo toda a minha gratidão) onde descrevia exatamente como eu me sentia.
Chorava copiosamente, eram todos os sentimentos misturados: Raiva, Indignação, Alivio, Desespero e por aí vai.
Imediatamente liguei para os meus pais que acompanham esta minha luta e ao lerem o artigo ficaram impressionados com tamanha semelhança com a minha história...
Isso ocorreu em Janeiro de 2009 e até a consulta com o Neurologista no inicio de Fevereiro chorava copiosamente todos os dias.
Conversei com o meu médico Homeopata e ele disse que tinha tudo haver com o meu quadro quando leu o artigo.
No início de Fevereiro fui a consulta com o Neurologista e contei toda a minha longa trajetória e mostrei o artigo que havia encontrado sobre Déficit de Atenção e ele nem pestanejou: Você possui Déficit de Atenção desde a infância e infelizmente nunca foi diagnosticado.
Ele ainda perguntou: Nunca desconfiaram?
Eu disse: Não, apesar de eu ter levantado a hipótese.
Após um 1 mês iniciei a medicação, pois ele achou prudente primeiro desintoxicar da medicação anterior. Começo a sentir pequenas diferenças, estou no inicio, dando os primeiros passos, mas um pouco mais confiante na minha intuição.
Foi ela que nunca deixou que eu desistisse da vida, pois vontade não faltou.
Este depoimento é um desabafo, um alerta para todas as pessoas que desconfiam que tenham ou que alguém próximo tenha:
Não desista, confie na sua intuição, pois sem o tratamento correto a VIDA TORNA-SE INSUPORTÁVEL.
Agradecimentos:
Aos meus Pais (meus tesouros mais preciosos),
a minha coordenadora ... (que me acolheu e entendeu a minha dor e dificuldade)
ao meu médico homeopata (MC) que me ouviu chorando desesperada tantas vezes,
ao meu Neurologista (Dr. FW) que acreditou na minha desconfiança de ser Déficit,
e principalmente a Deus que de tão teimoso e amoroso não deixou que eu cometesse uma besteira.
Agradecimento Especial:
A Dra. Evelyn Vinocur pelo excelente artigo, foi através deste que consegui resgatar a vontade de viver novamente!